Vinho Viognier
Viognier é uma casta de uva branca, sendo a única uva permitida no vinho francês Condrieu. A origem da casta é desconhecida. Acredita-se que ela seja uma uva ancestral, provavelmente originária da Dalmácia, na Croácia, tendo sido levada para o vale do Ródano. Uma lenda famosa diz que Probo, o imperador romano, levou a videira para a região em 281. Algumas outras histórias falam de um carregamento de Syrah que levou, por engano, exemplares da Viognier, e foi saqueado por um grupo conhecido como culs de piaux, na região que hoje é o Condrieu.
A origem do nome também é um tanto misteriosa. Uma das teorias mais aceitas é que ela faz relação à cidade francesa de Vienne, que já foi um importante entreposto romano. Outra teoria fala que o nome veio da pronúncia romana da “via Gehennae” , que significa “Vale do Inferno”, o que, provavelmente, seria uma alusão à dificuldade para cultivar essa uva. A Viognier já foi uma casta bastante comum, mas hoje é uma uva rara que é cultivada quase que exclusivamente nas regiões ao norte do Ródano, na França. Em 1965, a uva foi quase extinta, quando haviam apenas oito acres plantados dela. Eventualmente, a sua popularidade cresceu, e o seu vinho ficou mais caro, o que fez aumentar a quantidade de plantações. O Ródano hoje tem mais de 740 acres plantados da Viognier. Em 2004, pesquisas genéticas realizadas na Universidade da California, mostraram que a Viognier possui um alto grau de parentesco com a uva Freisa, além de ser uma prima genética da Nebbiolo.
A Viognier pode ser uma uva bem difícil de ser cultivada por ser muito vulnerável ao oídio. Além disso, ela apresenta uma baixa e imprevisível produção, e só devem ser colhidas quando estão num perfeito estado de maturação. Se colhidas mais cedo, o vinho não consegue desenvolver ao máximo seus aromas e sabores, se colhida muito tarde, a uva produz um vinho oleoso e com pouquíssimos aromas. Quando maduras, as frutas apresentam um amarelo profundo, e produz um vinho alcoólico com fortes aromas. As videiras preferem ambientes com longas estações quentes, mas também podem ser cultivadas em lugares mais frios. As videiras da Viognier costumam atingir o seu melhor nível entre 15 e 20 anos. Porém, no Ródano, é possível encontrar videiras com mais de 70 anos.
Os vinhos da Viognier são conhecidos pelo seu peculiar aroma floral, devido aos seus terpenos. Muitos outros aromas florais e frutados podem ser adicionados dependendo de como e onde a videira foi cultivada, além da própria idade da planta. Os vinhos podem ser consumidos novos, mas aqueles que são feitos com uvas de videiras antigas devem ser envelhecidos. Alguns Viognier tendem a perder alguns de seus aromas florais já após os três ou cinco anos. A sua coloração e aroma sugerem um vinho doce, mas os vinhos Viognier são predominantemente secos. É uma uva com pouca acidez, e é muitas vezes usada para suavizar a acidez de vinhos como aqueles feitos com Syrah. Além de seu efeito suavizante, a uva também pode melhorar o aroma do vinho tinto.
Geralmente, o vinho deve ser consumido quando jovem, devido à sua característica de perder seu perfume único com o passar dos anos. Dependendo do estilo de vinificação, a uva pode alcançar seu melhor com um ano de idade, e algumas podem permanecer nesse nível por até dez anos. Tipicamente, os vinhos Condrieu devem ser consumidos quando jovem, enquanto os californianos e australianos podem suportar algum envelhecimento. A natureza aromática e frutada do vinho Viognier o faz combinar com muitos pratos, incluindo alguns muito apimentados, como os da cozinha tailandesa. Esse vinho também costuma ir bem com frutos do mar grelhados, além de pratos com frutas.
A Viognier tem sido fortemente cultivada pelo mundo desde o começo dos anos 1990. Tanto a Califórnia, nos Estados Unidos, quanto a Austrália, têm significantes áreas dedicadas à produção dessa uva. A decadência da uva na Europa tem muito a ver com a desastrosa introdução dos insetos da Filoxera vindos da América do Norte para a Europa no fim do século XIX, além de todos os outros problemas econômicos causados pela Primeira Guerra Mundial. Hoje, a uva tem tido algum sucesso em algumas regiões italianas, África do Sul, Nova Zelândia, Grécia e Japão. Porém, mas regiões mais importantes são as que seguem:
França: É a única uva permitida nos vinhos Condrieu e no Château Grillet, que são produzidos na margem oeste do Ródano, há cerca de 40 quilômetros de Lyon. Na região do Ródano, a Viognier normalmente é misturada com Roussanne, Marsanne, Grenache Blanc e Rolle. Os produtores beneficiam a videira plantando-a em solos ricos em granito, que são melhores para reter o calor.
América do Norte: Desde o fim dos anos 1980, plantações de Viognier nos Estados Unidos e Canadá cresceram drasticamente. A Califórnia é a líder em produção, com mais de 2.000 acres plantados. Os vinhos Viognier californianos costumam ser mais alcoólicos que outros feitos com essa uva. Em 2011 foi escolhida como a uva oficial da Virginia.
América do Sul: Tanto a Argentina quanto o Chile têm importantes plantações da Viognier. Produtores do Brasil e Uruguai estão em fases de experimentação da uva.
Austrália: Aqui, Yalumba é o principal e maior produtor da uva, fazendo vinhos brancos varietais além do uso extensivo para a suavização dos vinhos da Syrah.
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